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terça-feira, 8 de setembro de 2009

O futuro da Internet de bolso


Quando nasceu o protocolo WAP, no fim da década de 90, a Internet móvel ainda era vista com certa desconfiança pelo público. A experiência do usuário era frustrante e estava muito distante daquela vivenciada nas telas dos PCs. Uma década depois, a navegação pelo celular virou realidade, se populariza e, segundo especialistas, em pouco tempo passará a dar as cartas sobre a Internet tradicional, em razão da superioridade no número de aparelhos conectados e de usuários ao redor do mundo. Entre as tendências para um futuro próximo estão a criação de sites dinâmicos, que variam de acordo com a localização do usuário, e o suporte à tecnologia Flash, que hoje domina a Internet 2.0, sobretudo em conteúdos de vídeo. Mas um obstáculo a ser vencido é a babel de browsers e de linguagens de programação disponíveis.
A discussão ganha importância diante do atual cenário de explosão nos acessos a sites através de celulares.
Os números do UOL servem de exemplo. Em janeiro de 2008, a versão móvel do portal registrou 300 mil page views. Em dezembro do mesmo ano, saltou para 7 milhões. “Em 2009, já houve 300 mil page views em apenas um dia”, relata o gerente geral do UOL Celular, Fernando Carril. No iG, houve crescimento de 100% na quantidade de acessos móveis nos últimos sete meses. A Abril Digital tem registrado 5 milhões de impressões ao mês, somando as suas 17 marcas que têm sites móveis.
De um ano e meio para cá todos os grandes portais de conteúdo da Internet brasileira deixaram de ter apenas versões WAP de seus sites para criar páginas formatadas especialmente para smartphones. Alguns criaram versões especificamente para iPhone, aproveitando o sucesso e a facilidade de uso do aparelho da Apple. A tendência é seguida por diversas grandes corporações, fazendo aumentar a demanda por desenvolvedores capazes de criar sites adequados para as telas dos celulares.
“A quantidade de pedidos aumentou 30% de um ano para cá”, conta Carlos Camolesi, diretor geral da Pinuts Studio, que desenvolve aplicativos e sites para terminais móveis.
A corrida das grandes marcas para terem sites móveis serviu para evidenciar a enorme fragmentação da Internet móvel atual. Ao criar um site para celular, o web designer se depara com uma verdadeira babel de browsers, linguagens de programação, domínios para sites móveis, tamanhos de tela, interfaces etc. “Fazemos de 40 a 50 versões do mesmo site”, afirma Marcelo Castelo, sócio-diretor da F.biz, agência de publicidade digital que vem se destacando no mundo móvel.
No que concerne à linguagem de programação dos sites, há três principais.
A mais antiga em vigor é o WML, usada pelos celulares low end, com acesso via WAP. Nos celulares de gama média e em alguns smartphones é usado o XHTML, uma versão adaptada do HTML conhecido da Internet tradicional. Alguns aparelhos mais novos, como o iPhone, leem o HTML da Internet.
No segmento de browsers móveis, a variedade é tão grande quanto a de sistemas operacionais para celulares.
Acredita-se inclusive que uma briga está relacionada à outra. Para Omarson Costa, gerente de desenvolvimento de negócios para América Latina do Online Services Group da Microsoft, a empresa que vencer a guerra pelo cérebro dos smartphones conquistará também a liderança nos browsers. A Nokia, com o Symbian e seu browser próprio, é hoje a líder desse mercado. A Apple usa o Safari no iPhone. Para os fabricantes que utilizam o sistema operacional Windows Mobile, a opção costuma ser a versão móvel do Internet Explorer. O Firefox vem testando um browser para celulares chamado Fennex. E enganase quem pensa que as operadoras estão alheias a essa briga. A TIM, por exemplo, escolheu o Opera Mini como o navegador oficial a ser recomendado para diversos modelos de aparelhos vendidos pela companhia. “O Opera Mini permite uma compactação maior de dados”, explica o gerente de serviços de valor adicionado (SVA) da TIM, Alexandre Buono.
Vale lembrar que a maioria dos browsers para celulares não suporta páginas criadas em Flash, linguagem comumente usada por boa parte dos sites da Internet tradicional. Mas isso mudará em breve. O recém lançado Nokia 5800 já suporta navegação em Flash. A próxima versão móvel do Internet Explorer também será capaz de acessar páginas desse tipo. E comenta-se no mercado que o novo celular do Google dará o mesmo passo.
Falta padronização também na hora de definir qual será o endereço de uma página móvel. Em 2005 foi criado o domínio “.mobi”, recomendado para sites desenvolvidos para celulares.
Porém, a adesão ainda não é grande. A maioria dos portais preferiu criar prefixos ao seu endereço real, como “m.terra.com.br”. A vantagem é não ter que fazer um registro novo e pagar por ele. Os sites WAP seguem essa idéia, acrescentando “WAP.” à frente do endereço original. Para muitas fontes, essa falta de padrão só confunde e atrapalha a cabeça dos consumidores. Por isso mesmo, o caminho que tem ganhado mais força é também o mais simples: manter o mesmo endereço da web tradicional, mas redirecionar o usuário para o site móvel apropriado ao modelo do telefone.
Boa parte dos grandes sites é capaz de fazer essa identificação e realizar o redirecionamento. Isso pode ser feito através de variadas informações enviadas pelo celular durante a navegação, dentre elas o próprio browser utilizado no aparelho.
Guetos móveis?
No campo da interface com o internauta, houve uma verdadeira revolução com a chegada do iPhone e de outros aparelhos touch screen. Antes, os desenvolvedores precisavam apenas ajustar o site móvel de acordo com os botões de controle dos telefones de cada fabricante. Agora, surgiu a necessidade de se criar sites especialmente para os modelos touch screen, levando em conta sua interface diferente. Essa tendência levantou uma dúvida: será que a Internet móvel se fragmentará a ponto de surgirem espécies de guetos? Uma coisa é adaptar um site para um browser ou para uma tela diferente.
Outra coisa é fazer uma versão nova de um site, com conteúdo diferenciado para um determinado modelo de aparelho.
Haveria uma tendência de segmentação do conteúdo dos sites para cada grupo de celulares? A maioria dos grandes portais atuantes no Brasil nega a intenção de segregar os usuários de Internet móvel com conteúdos diferentes de acordo com os aparelhos. Mas a verdade é que algumas diferenças técnicas entre os telefones acabam influenciando no conteúdo.
O iPhone, por exemplo, usa um browser habilitado para streaming de vídeo, o que fez com que UOL e Terra disponibilizassem conteúdos audiovisuais nas versões de seus sites para o celular da Apple, o que não acontece nas demais. Ao mesmo tempo, continuam existindo versões WAP dos portais e elas contêm menos notícias. A homepage do Terra em WAP, por exemplo, possui apenas três notícias, não expõe imagens e vende ringtones e wallpapers.
Atualmente, especialistas enxergam, grosso modo, três grandes grupos de telefones no que concerne o desenvolvimento de sites móveis: 1) os touch screen; 2) os demais smartphones e os feature phones; 3) os de gama baixa, que acessam via WAP.
Quase todos os grandes sites da Internet estão criando uma versão diferente para cada um desses grupos.
Acredita-se que a figura do celular de gama média ou feature phone tenda a desaparecer no futuro. Os celulares serão ou smartphones ou aparelhos low end, estes últimos voltados mais para serviços de voz. Com isso, espera-se ainda uma longa sobrevida do WAP para atender aos celulares de gama baixa. E a tendência é que haja uma polarização do conteúdo da Internet móvel entre esses dois extremos: sites para smartphones de um lado (incluindo os modelos touch) e sites WAP para gama baixa de outro.
Internet tradicional
Além da segmentação dentro da própria Internet móvel, existem também diferenças de conteúdo entre a Internet tradicional e aquela acessada pelos celulares. “A única coisa em comum é o protocolo TCP/IP. De resto, são duas Internets diferentes”, afirma Costa, da Microsoft.
A maioria dos portais publica em suas versões móveis apenas parte do conteúdo presente em suas páginas originais da web. Muitos têm editores contratados especialmente para fazer a escolha de quais notícias devem entrar na versão móvel e quais ficam de fora. O número de seções e de serviços também é reduzido. “A experiência no celular é diferente. Vamos ter sempre dois ambientes convivendo”, explica a diretora de SVA da Claro, Fiamma Zarife, referindo-se à Internet tradicional e móvel. “Há diferenças entre ler impresso, ler no site e ler no celular.
Priorizamos conteúdo para se ler em mobilidade”, completa Gabriel Mendes, gerente de mobilidade da Abril Digital. No processo de seleção das notícias, ganham a preferência aquelas sobre trânsito, dicas de lazer e previsão do tempo. Contudo, é sempre concedida ao usuário a possibilidade de navegar pelo site tradicional dos grandes portais através do celular: a opção costuma vir no pé das versões móveis, na forma de link.
Na contramão da maioria dos seus concorrentes está o iG. A empresa aposta em uma unificação entre a Internet tradicional e móvel no futuro e molda sua estratégia a partir dessa premissa. “No futuro, não fará diferença a porta de acesso. O conteúdo será o mesmo e terá a mesma navegabilidade”, aposta o gerente de mobile do iG, Ricardo Ferro. O portal prepara uma versão especial para iPhone, cujo lançamento está previsto para acontecer entre junho e julho.
Porém, quem acessar o iG pelo celular da Apple não será diretamente redirecionado à versão especial.
Em vez disso, verá a homepage tradicional do iG.
“Nosso site original roda muito bem em um iPhone”, argumenta Ferro.
Futuro
Independentemente das divergências entre browsers, interfaces e linguagens de programação, existe uma tendência da Internet móvel na qual todos concordam: o uso da localização associada ao conteúdo do site. Especialistas esperam que em um futuro não muito distante as páginas da Internet móvel tenham um conteúdo dinâmico de acordo com o posicionamento do usuário. Um site de cultura poderia apresentar dicas de lazer próximas ao internauta, quando este o acessasse do celular. Segundo Camolesi, da Pinuts, existe um protótipo de um site internacional de viagens que estaria estudando a adoção de tal recurso.
Outra fonte revelou que um banco brasileiro estaria analisando a possibilidade de informar os caixas eletrônicos mais próximos do cliente automaticamente no site móvel. Há, porém, algumas questões técnicas que precisam ser levadas em conta. O ideal seria usar a informação de celulares que tenham GPS embutido, que ainda são poucos no mercado.
O iPhone tem GPS, mas seu kit de desenvolviment o para web design não permite ainda o uso do recurso, hoje limitado para a criação de aplicativos.
Com a popularização dos smartphones, há também quem acredite que no futuro a Internet móvel influenciará muito mais a Internet dita tradicional que o contrário. Ou seja: não se falará mais em adaptação de páginas para o celular. Mas de adaptação de páginas para o PC, pois a criação do site será feita pensando na mobilidade e nos demais recursos de smartphones e netbooks. Só não se sabe quando esse dia chegará.

Por Fernando Paiva / Revista Teletime

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